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PLURAL: os textos de Rosana Zucolo e Rony Cavalli

Do tempo, de registros e de despedidas
Rosana Cabral Zucolo
Jornalista, professora nos cursos de Jornalismo e PP da UFN

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Museus a céu aberto são manifestações culturais das mais democráticas que uma cidade pode ter. Registram a história, mostram o movimento da cultura, valorizam a identidade da cidade, são acessíveis a todos de modo indistinto, convidam à visitação, atraem turistas e, não raro, deslumbram os observadores.

O assunto veio à tona frente diante da proposta de criação de um distrito criativo em Santa Maria. Isto me fez recordar de uma cidade uruguaia muito conhecida e visitada pelos santa-marienses amantes da pescaria e dos esportes náuticos. Falo de San Gregorio de Polanco, localizada no departamento de Tacuarembó, a 350 km de Montevidéo, e banhada pelas águas mansas do Rio Negro. Com pouco mais de 3 mil habitantes e dona de belas praias, a cidade se tornou um dos mais importantes pontos turísticos do Uruguai.

São poucos os santa-marienses frequentadores da cidade que referem ser San Gregorio de Polanco o primeiro museu ao ar livre e um dos mais importantes da América Latina. Ou ainda, ao fato de ser o Museu Aberto de Arte Iberoamericano (MAAIS) de San Gregorio de Polanco, como é conhecida internacionalmente, um exemplo claro de como um fato cultural é capaz de mudar o desenvolvimento econômico de uma população e ser motivo de orgulho e pertencimento para a sua população.

O muralismo ao ar livre em San Gregorio teve início em 1993, quando 50 artistas uruguaios, numa iniciativa inédita durante a semana de turismo, usaram as paredes da cidade como telas e deixaram no local 25 painéis sobre a história uruguaia e sobre personagens emblemáticos do país. Entre estes, a imagem de Carlos Gardel que se tornou famoso na Argentina, mas segundo os uruguaios, é nascido em Tacuarembó.

De lá para cá, o movimento foi crescente e contou com apoio do poder público e do empresariado uruguaio. Hoje, são mais de 150 obras espalhadas pela cidade, desde os murais nas paredes das casas às esculturas que ocupam o espaço público. E a ideia deste museu singular envolve não apenas os artistas uruguaios famosos e emergentes, mas também do exterior que se deslocam para lá para integrar essa frente.

E o que esta história tem a ver com Santa Maria? Nas paredes da Biblioteca Municipal, há um mural pintado por Eduardo Kobra, um dos mais reconhecidos muralistas da atualidade, com obras em cinco continentes. Parte da memória da cidade passa por ali, a exemplo do Muro das Memórias também em preto e branco, pintado pelo autor em São Paulo.

Aqui o mural está "abandonado" às intempéries e sofre pela falta de manutenção. Espera-se que a administração pública, ao lado da bem-vinda proposta do distrito criativo, se volte para iniciativas que permitam recuperar e preservar essa obra tão importante para a cultura santa-mariense. Que o mural venha a ser parte da proposta de um contexto mais abrangente e fecundo.

Por fim, cabe dizer aos leitores da coluna que este texto marca minha despedida das páginas do Diário de SM. Agradeço o convite e a acolhida atenciosa da equipe do jornal. Foi um período bastante produtivo e um tempo de reflexões. Elas continuarão na minha coluna nas páginas da plataforma da Rede Sina (redesina.com.br).

O risco do politicamente correto para o planeta
Rony Pillar Cavalli
Advogado e professor universitário

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O desastre do Governo Biden na retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão é retumbante e escancara de vez o despreparo de um Presidente fraco e incapaz de lidar com agendas sensíveis não apenas aos EUA, mas a todo mundo.

A cruzada feita pelo mundo, especialmente pela mídia internacional, para derrotar Donald Trump tinha por objetivo retirar da Casa Branca um presidente "politicamente incorreto" a qualquer preço, mesmo colocando em seu lugar um completamente despreparado para liderar a Nação mais poderosa economicamente e, especialmente, a mais poderosa máquina de guerra do planeta.

Especialistas apontavam o risco de os EUA ter um líder fraco desde as eleições, alertando que o preço a ser pago pelo mundo por colocar na Presidência um indivíduo que defende a causa LGBT, que discursa em prol do meio ambiente e outras pautas agradáveis aos ouvidos sensíveis, seria alto demais e isto colocaria o mundo em risco. Mas ninguém deu ouvidos, pois o importante era derrotar Trump.

Apenas para lembrar aos que comemoraram a vitória do Biden, que a economia dos EUA na gestão Trump, antes da pandemia, "nadava de braçada", com pleno emprego. No campo internacional, Trump não fez nenhuma nova guerra como seus adversários propagavam que faria. Trump foi o único presidente americano a fazer aproximação real com a Coréia do Norte, tendo, inclusive, se encontrado com o ditador Kin Jong-um.

A política de Trump no Oriente Médio foi responsável pelo acordo de paz entre Israel, Bahrein e Emirados Árabes, enquanto, logo no início da atual gestão, Biden voltou a enviar dinheiro para a Palestina, demonstrando fraqueza e ajudando a incentivar a série de ataques promovidos pelo Hamas a Israel.

A verdade é que, colocada a gestão Trump e os poucos meses da gestão Biden em uma tabela simples e comparativa de Excel, a atual administração já dá mostra do desastre que é acharmos que indivíduos de voz mansa, de discursos amenos, com posições que soam bem aos ouvidos sensíveis dos que se rendem ao politicamente correto proporcionaria maior vantagem ou segurança que os de discursos fortes, cujo tom da fala abala os que preferem a hipocrisia.

O acordo de retirada das tropas americanas do Afeganistão foi assinado por Trump e Biden só tinha que executar e nem isto conseguiu fazer de forma razoável.

O desastre da execução da retirada das forças americanas do Afeganistão pelo governo Biden, além das vidas já perdidas, deixa para traz 85 bilhões de dólares em equipamento militar, como helicópteros Black Hawlk, carros blindados e um número enorme de fuzis e outros armamentos.

Mesmo que estes equipamentos tenham uma operacionalidade limitada, pois necessitam de reposição de peças de rotina e equipes especializadas para operá-los, a verdade é que o governo Biden conseguiu a proeza de, pelo menos momentaneamente, transformar a força talibã de um bando de maltrapilhos em um exército equipado e isto causará instabilidade a toda a região, especialmente aos países vizinhos.

Mas não nos preocupemos. Importante é que, na gestão Biden, os banheiros trans estarão garantidos e isto é que importa aos que se rendem ao politicamente correto.

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